quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Janela sobre as proibições



Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa:
Proibido cantar.
Na parede do aeroportodo Rio de Janeiro, um aviso informa:
É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem.
Ou seja: ainda tem gente que canta,
ainda tem gente que brinca.

Eduardo Galeno

sábado, 20 de novembro de 2010

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para os NEGROS assassinados nos Estados Unidos
muitos filmes foram feitos
muito filmes foram feitos
para os que morreram no Vietnã.
Com certeza veremos novos mortos
nos filmes de amanhã.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Benjamim Moloise

Ativista negro, poeta e militante do CNA, condenado à morte por participar de uma ação armada contra o governo racista da África do Sul. Foi enforcado em 18 de Outubro de 1985.
... É o poema que não foi feito,
a música inacabada,
aquela melodia presa na mente
soterrada pelo medo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Palavras



Palavras, só as escritas
furtam a si as faladas
voláteis, trincam restritas
e opalescem quebradas.

______________ Fazendo-se no branco
______________ o pensar nunca sucumbe
______________ são andorinhas em bando
______________ vôo que o abstrato presume


...

____________________________________ Palavras, só as escritas.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

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Uma casa
poeira
cortina
o tempo cobre sua encosta
___________________ exposta

no jardim
flor esmagada
vida perdida
desidratada
ensandecida
_________ secular carvalho
__________ (pouco orvalho)

o vento abre a janela
_______________ não é bela
_______________ (sem cortina)

nun vaso claro
rosas, camélias, boninas
____________ quase meninas.

domingo, 7 de novembro de 2010

Para Noia.





















Humor Negro

Em sonho psicodélico
caos no aniversário
riso no enterro
profanação em sacrácio.

Noivas de cintos pretos
anjos de asas podadas
estátuas manetas
de acéfalas silhuetas.

Mensagenhs do teu humor.

A de Aurea;





















A TARTARUGA

A tartaruga leva um dia imenso
em seu puro passeio solitário;
sustenta a carapaça do universo
no silêncio das presas vagarosas.

No horizonte ondulante, ela procura
a noite umedecida dos quelônios
há milênios perdida no dilúvio
que dispersou seus lentos ancestrais.

Ela persegue o fim do labirinto
numa jaula invísivel, e é redondo
o céu verde do zôo, que cega as feras.

E riem-se as crianças, vendo-a, lerda,
no apressado universo, e soltam mundos:
balões azuis bebidos pelo espaço.

Lêdo Ivo

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

R de "MEU AMOR".

O vento acalanta galhos
etéreo sinal do Sol
que nasce em carmins retalhos,
luxurioso lençol.

______________ No abismo de densa cor
______________ vã precipitiou-se a luz
______________ em rasgo, esperança e dor
______________ destino do Sol de ontem.