domingo, 7 de novembro de 2010

A de Aurea;





















A TARTARUGA

A tartaruga leva um dia imenso
em seu puro passeio solitário;
sustenta a carapaça do universo
no silêncio das presas vagarosas.

No horizonte ondulante, ela procura
a noite umedecida dos quelônios
há milênios perdida no dilúvio
que dispersou seus lentos ancestrais.

Ela persegue o fim do labirinto
numa jaula invísivel, e é redondo
o céu verde do zôo, que cega as feras.

E riem-se as crianças, vendo-a, lerda,
no apressado universo, e soltam mundos:
balões azuis bebidos pelo espaço.

Lêdo Ivo

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