segunda-feira, 31 de maio de 2010

O começo da manhã. [31-05-2010] -

No abismo de um decote
passeiam frenéticos seres
buscando a mina.
Um afago discreto,
que faz tremer.

Crisálida se contorcendo
no casulo de um vestido.
Em plena metamorfose,
assumindo asas ainda disformes.

Tenra mariposa
surgindo do ligeiro sono,
imaginando-se planar sobre o infinito
daquela cama preta.

meio cansada, repetitiva e perdida;

esquecer o passado
não se importar com o futuro
ser o que tiver de ser
pensar bem alto
e não tentar compreender as coisas.



“O que sinto eu não ajo. O que ajo não penso. O que penso não sinto. Do que sei sou ignorante. Do que sinto não ignoro. Não me entendo e ajo como se entendesse.” - Clarice Lispector

alumbramento.

eu ouvi a história de um cara ele dizia pra ela que o coração dele ia explodir de tanto sentir sentimento espinhoso de amor sem retorno. mas ela nem aí, fazia era pouco do peito dele e suas prováveis explosões. e ele sempre ali, sentindo o peito crescer sem desinflar nunca. até que o peito dela começou a doer de dor fina, de dor boa e ela descobriu como era ter o peito mais pesado que o resto do corpo, mais ainda assim levando o corpo todo pra voar. e ela gostou de gostar dele e amou gostar dele. e um dia o beijou. aí ele chegou em casa, se trancou no quarto e explodiu, tingindo as quatro paredes de um sangue mais vermelho do que sangue que cheirava a perfume de rosas.

Sem solução.

Oh! Cheiro abominável de fragrância chula
a exalar dos tentáculos frios,
que em arrepios
encrespam a outra pele
vomitando rejeição.

Oh! Senis e assexuados membros,
imitação bem próxima de braços,
quase mãos,
a prolongarem-se sobre o contorno
de formas apavoradas,
preparadas, em riste, imaginando
a concretização da fuga.

Oh! Esquálida e centenária criatura!
Foste condenada ao cubículo asqueroso,
excluída do mundo pelo sonho
de resgate temporão.
Foste acossada
e as carências te devoram irracionais
as carnes e as ideias.

E agora, dessa lama movediça
tentar emergir desesperada.
Enquanto afunda o teu pescoço,
festejo, em fogos, o fim fatídico
desta imersão.

É assim.

Um doce egoísmo,

Uma enorme revolta

E uma lágrima escondida.

Um belo dia de chuva, chuvinha.


Abraços e trovões...

Mais que necessidades. Os olhos...

Acho que ele não viu ou desviou para não ver

o pedido de fica, protege, protege...


Um quarto, um veneno...

“Você tem a Vaca, o Dinossauro e seu Pai”.

Como se algo fosse ficar fácil em seu lugar...

Um portão, um “eu te ligo” e um pensamento escondido:

- “Cuidado! Pode estar ocupado pela Vaca, Dinossauro ou meu Pai.”


Odeio despedidas, com brigas ou sem.

Odeio ter que odiar suas costas que tanto amo.

Existem dias e dias, hoje era um daqueles de rede,

chão, carícias, colo, ombro e todo total, uma bola de sabão.

“Esplock”. Estourou. Um dia de livros já lidos e nada mais.

Algo comum na minha vida sem grandes emoções.


sábado, 29 de maio de 2010

Dos relatos de ontem [ele não soube]:

... (rsrs) - Você não sabe o que foi aquele beijo. Havia em seus olhos uma multidão de estranhos que, de repente parou instantes para olhar. Empurrei os seus olhos com os meus e ouvi o silêncio dos seus pensamentos, já não sabendo se aquilo que eu pensava era meu ou se era dele porque olhar nos olhos de um estranho é se deixar espiar por estrelas. Como se aquilo que eu pensava também já fosse tarde demais, meus pensamentos sugados pelos olhos do outro. Havia naqueles olhos uma correria inútil de tampar segredos e eu soube de todos eles, não por meio de palavras, mas por meio de silêncios. Eu nunca soube decifrar silêncios, mas posso tocá-lo com a ponta dos dedos. Assim eles ficaram, os segredos daquele olhar, no canto das coisas que eu pensava e pensava, antes de aproximar os lábios. Você não sabe o que foi aquele olhar.

(eu pensei naquele dia) - "Sorrisos são pontes que se abrem no rosto para o outro poder passar". E só por conta daquele sorriso eu atravessei a distância entre o meu rosto e o dele para enconstar os meus lábios aos seus.

Sábado;

Em ti
me sublimo,
me magnifico,
me elevo ao céu
no nosso encontro.

A ti
me entrego,
beata,
no repouso calmo
do teu depois.

Sem ti
me perco
incrédula
e busco o teu norte
meu porto inseguro.

Para ti
me guardo,
inteira e sempre
eternizada
nessa espera.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Tanta falta, vai me fazer chorar sempre.

(…) a gente devia ir se gastando, se gastando até desaparecer sem dor, como quem caminhando contra o vento, de repente, se evaporasse. E iam perguntar : cadê fulano? E alguém diria – gastou-se, foi vivendo, vivendo e acabou. (…)

Affonso Romano de Santa’ Anna

Árduo banho.

Não que seja difícil tomar banho, rsrs.
É que hoje a água fria não relaxou o corpo.
A água que vinha para resfriar acordava os desejos já tão vivos.
E a ardência de minha pele, o eriçar dos pelos ao lembrar.
São detalhes repartidos somente ao espelho, e que para ti eu conto.
Até lá tento seguir rimando...

Já não doem as mordidas da ausência
Porque há formas de amenizá-las.
Já não pesam as culpas da ruptura
Porque se desfazem se questionadas.
Já não sangram as chagas da desesperança
Porque cicatrizam assistidas.
Já não dilaceram as flechas do estranhamento:
Quando próximas,
Tornam-se íntimas.

Culpada.

O fato de me esconder das pessoas nunca agradou os meus afetos. O detalhe de fingir educação nunca foi algo que meu maior afeto elogiasse. Em todo caso nunca uma reprovação incomodou tanto. Não, na verdade estava tudo bem e sobre controle (rsrs) – acho. As coisas poderiam e iriam melhorar o cheiro da pipoca nunca engana, a tinta fresca pincelou em minha mente coisas bonitas de recordar, sua mão, nossa sombra e o par de sapatos que só nele fica bem... É as coisas iriam melhorar. E nem digo que foi a falta de luz, a lua tão bela e grama úmida que nos aconchegou de forma tão única e a bela vista entre galhos... Talvez o andar sem rumo no escuro, talvez. [censurado]. Talvez não seja nada disso e sim, sua companhia, no final de tudo é o que realmente importa e importava desde o começo. Não sou tão boba meu bem para querer mostrar ao mundo minha euforia, para tentar fazer de nosso encontro o mais bacana e exibido, guardo tudo de mim para ti e tudo de ti para mim, no nosso todo total que já expandiu tanto... Já nem sei onde guardar tanta coisa, ai ai e enfim, momentos ao seu lado é o que desejo com platéia ou sem, amigos ou não, no chão, na árvore, no beco, com graveto, sem graveto, até a Lua (se possível for, claro). Você ao meu lado é o que importa - que fique bem claro, rsrs. Pode confiar, no final tudo acabou bem.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Não esquecer de lembrar [barulho de cinto] -

Te dar um gesto simples. Passar a mão de repente sobre tua mão, como se apalpa a vida ou o fruto que pede para ser colhido. Te dar um olhar, não aquele olhar, alienado de quem está nas coisas prosaicas perdido, mas um olhar de quem chegou inteiro e que se entrega enternecido e desamparado dizendo: olha , sou teu, agora veja lá o que vai fazer comigo. - Affonso Romano de Sant’anna


boy;

[...] As coisas não precisam de você
Quem disse que eu, tinha que precisar
[...]

Então,
deixe-me ir deitar e dormir.
beijos.